Um repórter perguntou a Cora Coralina (poetisa que viveu até 95 anos):
– O que é viver bem?
Ela lhe disse:
“Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros.
Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade,
despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor,pois
BONDADE TAMBÉM SE APRENDE.”
Não se preocupe...
Não se preocupe, seu filho vai largar a chupeta.
Vai deixar de usar fraldas, vai sair da sua cama.
Seu filho vai desmamar, do peito e/ou da mamadeira.
Seu filho vai deixar de querer o “naninha” à noite.
Vai deixar de usar fraldas, vai sair da sua cama.
Seu filho vai desmamar, do peito e/ou da mamadeira.
Seu filho vai deixar de querer o “naninha” à noite.
Ele vai aprender a fazer seu próprio pão com manteiga,
vai parar de chorar quando você o deixa na escola.
Seu filho vai querer que você o deixe em paz,
assim como muitas vezes você deseja, em silêncio.
vai parar de chorar quando você o deixa na escola.
Seu filho vai querer que você o deixe em paz,
assim como muitas vezes você deseja, em silêncio.
Seu filho vai parar de falar “cabeu” (e você de corrigi-lo),
vai parar de rabiscar as paredes.
Vai fazer escolhas que você não julga certas,
e você não vai poder colocá-lo no cantinho do pensamento por isso.
vai parar de rabiscar as paredes.
Vai fazer escolhas que você não julga certas,
e você não vai poder colocá-lo no cantinho do pensamento por isso.
Seu filho vai parar de chorar em público,
de se espernear pelo brinquedo da loja.
Seu filho vai amar outras pessoas na vida,
e talvez você sinta ciúmes.
de se espernear pelo brinquedo da loja.
Seu filho vai amar outras pessoas na vida,
e talvez você sinta ciúmes.
Um dia você vai lavar meias maiores que as suas,
um dia a falta de sono terá outro significado para você.
Um dia você vai ver que faculdade é mais cara que fraldas.
Um dia será você quem precisará de colo.
um dia a falta de sono terá outro significado para você.
Um dia você vai ver que faculdade é mais cara que fraldas.
Um dia será você quem precisará de colo.
Não tenha tanta pressa.
Pode ser que um dia você sinta falta disso tudo.
Aproveite o amor recíproco entre vocês,
em todas as suas formas de demonstração, em todas as suas fases.
Pode ser que um dia você sinta falta disso tudo.
Aproveite o amor recíproco entre vocês,
em todas as suas formas de demonstração, em todas as suas fases.
Aproveite a vida.
Aproveite seus filhos.
Aproveite seus filhos.
we♥it
A mãe desnecessária
A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros
também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
Nota da página: Embora esse texto apareça na internet com diversas autorias, a autoria mais provável é da jornalista Márcia Neder.
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros
também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
Solidão não pede coração vazio
Esses dias me perguntaram o porquê de eu gostar tanto de ficar sozinho. E como se não houvesse outra saída, respondi: Pois solidão é companhia.
Todos com olhares de pouca compreensão e, mais perdidos do que cebola em salada de fruta, disseram: “Ah, mas um dia vais querer alguém para dividir a vida e…” E fazer sexo em lugares inusitados, acrescentei. Instantes depois respondi em tom de afirmação: “Claro que vou, quem não quer viver de amores?”
Todos confusos e com as sobrancelhas arqueadas em forma de interrogação, questionaram-se em silêncio: “Como esse cara diz gostar da solidão, mas quer viver com alguém?” Tudo isso como se a solidão pedisse escuro, amargor no peito e whisky sem gelo. Como se a solidão fosse, somente, solidão.
A questão é que quando digo gostar da solidão, todos – quase sempre – se entreolham com olhares assustados e contemplativos, como se a solidão necessitasse de um coração vazio. E assim, como se soubessem tudo sobre a vida e suas escolhas insólitas, constroem castelos de verdades, como se a solidão fosse: eu sem opções. Mas mal sabem eles que a solidão sou eu com todas opções.
Ah, que burrice achar que na solidão não há solidariedade… Nas escolas deveriam incluir aulas de solidão. E antes que você me julgue louco – o que eu até acharia um charme – pense comigo o quão gostoso é esse seu momento sozinha me lendo. Todos a sua volta podem achar que no fundo você realmente está sozinha, mas, pelo menos pra mim, estamos aqui juntos. Você me lendo, eu te lendo, e quem sabe, sorrindo. Solidão é isso, autoconhecimento, certezas assentidas e plenitude. É sorrir sozinho, mas no fundo, estar tão junto de si, do mundo, dos outros.
Eu amo sentar e refletir sobre os horizontes que ainda terei que descortinar, as bocas que irei beijar e roubar céus de batom, os plásticos bolha que ainda estourarei com cara de batata-sorriso e os aprendizados que irei retirar das saudades e suas solidões acompanhadas.
Ouvir música é solidão. Pensar é solidão. Escrever é solidão. Se interiorizar e equilibrar as emoções é solidão. As solidões se protegem e agregam umas às outras. Fluir na leveza da solidão é ter coragem de se enfrentar. E se enfrentar é descobrir como somos mistérios.
Quem sabe respeitar a minha solidão ganha o melhor de mim. E olha que nem estou falando de sexo e panquecas.
por Frederico Elboni - www.fredericoelboni.com.br
Estas coisas estão matando nosso senso de "maravilhamento" (mas eis uma solução)
Quando foi a última vez que você sentiu “uma sensação de estupefação e admiração, causada por algo belo, notável ou não-familiar”?
Essa é a definição de maravilhamento.
Mas, apesar de soar, bem, maravilhoso, também é algo que poucos adultos sentem ou sabem como voltar a sentir.
Lembremos ou não, tínhamos essa sensação quase o tempo todo quando éramos crianças. Quando éramos bebês, os olhos eram arregalados não porque queríamos ser bonitinhos, mas porque nossos cérebros estavam se dobrando na direção desse fluxo maravilhoso de novas experiências, visões, cores, cheiros e sons.

Como adultos que vivem as mesmas coisas todos os dias, caminha penosamente para o trabalho e têm as mesmas conversas com as mesmas pessoas, retomar essa sensação de maravilhamento dá trabalho. Às vezes isso acontece espontaneamente – quando estamos de férias e passamos por experiências inesperadas -, mas, na maioria das vezes, a previsibilidade da vida impede que nos sintamos maravilhados.
Para entender o que pode estar matando o seu senso de maravilhamento, o HuffPost UK Lifestyle falou com os especialistas Mark Williamson, diretor da Action for Happiness, a ativista da felicidade Susie Pearl e o co-fundador da Headspace Andy Puddicombe.
Sua agenda
Quando você se pegar dizendo: “Adoraria encontrar, mas meu próximo fim de semana livre é em novembro”, provavelmente você está ocupado demais. Estamos correndo para lá e para cá durante a semana e agendando nossos finais de semana com meses de antecedência, sem deixar espaço para só descomprimir e absorver o que acontece à nossa volta.
Mark concorda.
“Acho que o principal responsável por matar esse senso de maravilhamento é a expectativa implícita (nossa e da sociedade) de que precisamos estar ‘fazendo’ alguma coisa o tempo todo.”
“O maravilhamento acontece quando estamos ‘sendo’, não quando estamos constantemente correndo e tentando fazer coisas. Para uma vida mais cheia de maravilhamentos, precisamos reservar mais tempo para ser em vez de fazer – mesmo que sejam só alguns minutos a cada par de horas, para parar, respirar e perceber o que está acontecendo à nossa volta.”
Expectativas
Ter padrões e expectativas é perfeitamente razoável. O problema é quando você espera que tudo aconteça sempre do mesmo jeito (é clássico quando você discute com quem ama). Dessa maneira você mata toda espontaneidade das situações. Simplesmente porque uma coisa já aconteceu um milhão de vezes não quer dizer que ela vá ter o mesmo resultado.
Andy acrescenta: “Na meditação estamos sempre tentando observar o pensamento, então sempre incentivo as pessoas a cultivar uma atitude de curiosidade em seu pensamento. Não é fácil, precisamente porqueo pensar é recorrente, você está pensando o tempo todo.”
Você precisa tentar olhar para esse comportamento rotineiro e constante com novos olhos. E acho que, se você consegue treinar isso na meditação, é mais fácil transportar esse senso de maravilhamento para outros momentos da vida. Afinal de contas, você consegue às vezes sentir esse maravilhamento com coisas muito pequenas, e coisas que deveriam ser incríveis não despertam nenhuma reação. Isso nos diz que, mais uma vez, está tudo em nossas cabeças.”
Seu telefone
Levante a mão quem já mandou mensagens de texto enquanto caminhava na rua. Ou passou a viagem inteira de metrô jogando Candy Crush.
A tecnologia nos mantém conectados como nunca e, apesar de haver pontos positivos, o fato é que estamos perdendo muito do que acontece à nossa volta porque estamos grudados na tela. O maravilhamento não vai vir pelo celular.
Guardar o celular é uma das maneiras mais fáceis de restabelecer seu senso de maravilhamento, mas também uma das mais difíceis. Susie aconselha simplificar a vida.
“Largue a tecnologia e passe tempo na natureza todos os dias. Caminhe prestando atenção nas cores e nos padrões da natureza.”
“Conecte-se com seus sentidos – perceba os cheiros, os sons, os desenhos, as texturas à nossa volta. Passe por cada um dos sentidos e aumente sua consciência de cada um deles – mesmo que só durante alguns minutos do dia.”
Igualmente, atender ou checar o telefone na companhia de um amigo com certeza vai matar o maravilhamento. Como você pode se concentrar no que eles estão dizendo se você está checando o Whatsapp?”
“Esteja presente consigo mesmo, com um amigo, uma pessoa querida. Realmente preste atenção e perceba o que você ama em cada pessoa.”
“Olhe para céu e faça uma pausa. No silêncio podemos encontrar um novo senso de maravilhamento. Precisamos disso para recarregar, nos reequilibrar e apreciar nossas vidas.”
Mães Más - Por Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra
MÃES MÁS
Um dia quando o meu filho for crescido o suficiente para entender a lógica que motiva um pai, eu hei de dizer-lhe:
Eu te amei o suficiente para ter perguntado: onde vais, com quem vais, e a que horas regressarás a casa.
Eu te amei o suficiente para ter insistido que juntasses o teu dinheiro e comprasses uma bicicleta para ti, mesmo que eu tenha tido hipótese de comprá-la para ti.
Eu te amei o suficiente para ter ficado em silêncio e deixar-te descobrir que o teu novo amigo não era boa companhia.
Eu te amei o suficiente para te fazer pagar a bala que tiraste da mercearia, e dizeres ao senhor: "Eu peguei isto ontem e queria pagar".
Eu te amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de ti 2 horas, enquanto limpavas o teu quarto; tarefa que eu teria realizado em 15 minutos.
Eu te amei o suficiente para te deixar ver: fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.
Eu te amei o suficiente para te deixar assumir a responsabilidade das tuas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo eu te amei o suficiente para te dizer não quando eu sabia que me irias odiar por isso. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente, venci, porque no final vocês venceram também.
E qualquer dia, quando os teus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais, tu vais lhes dizer quando eles te perguntarem se a tua mãe era má... "que sim, era má, era a mãe mais má do mundo".
As outras crianças comiam doces pela manhã,mas nós tinhamos de comer cereais, ovos e torradas.
As outras crianças ao almoço bebiam Pepsi e comiam batatas fritas, mas nós tínhamos de comer carne, legumes e frutas.
E, não vais acreditar, a nossa mãe obrigava-nos a jantar à mesa, bem diferente das outras mães também.
A nossa mãe insistia em saber onde nós estávamos a todas as horas. Era quase uma prisão.
Ela tinha de saber quem eram os nossos amigos, e o que nós fazíamos com eles.
Ela insistia que lhe disséssemos que íamos sair por uma hora, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violou as leis de trabalho infantil. Nós tínhamos de lavar a louça, fazer nossas camas, lavar nossa roupa, aprender a cozinhar, aspirar o chão, esvaziar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis.
Eu acho que ela nem dormia à noite a pensar em coisas para nos mandar fazer.
Ela insistia sempre conosco para lhe dizermos a verdade, e apenas a verdade. Na altura em que éramos adolescentes, ela conseguia ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata.
A mãe não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para nós descermos.Tinham de subir, bater à porta para ela os conhecer.
Enquanto toda a gente podia sair à noite com 12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16.
Por causa da nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência. Nenhum de nós, nenhuma vez esteve envolvido em roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos ou advertidos por crime nenhum. Foi tudo por causa dela.
Agora que já saímos de casa, nós somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor, para sermos "maus pais", tal como a nossa mãe foi.
Eu acho que este é um das males do mundo de hoje:
Não há suficientes Mães Más.
(Por Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)
Um dia quando o meu filho for crescido o suficiente para entender a lógica que motiva um pai, eu hei de dizer-lhe:
Eu te amei o suficiente para ter perguntado: onde vais, com quem vais, e a que horas regressarás a casa.
Eu te amei o suficiente para ter insistido que juntasses o teu dinheiro e comprasses uma bicicleta para ti, mesmo que eu tenha tido hipótese de comprá-la para ti.
Eu te amei o suficiente para ter ficado em silêncio e deixar-te descobrir que o teu novo amigo não era boa companhia.
Eu te amei o suficiente para te fazer pagar a bala que tiraste da mercearia, e dizeres ao senhor: "Eu peguei isto ontem e queria pagar".
Eu te amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de ti 2 horas, enquanto limpavas o teu quarto; tarefa que eu teria realizado em 15 minutos.
Eu te amei o suficiente para te deixar ver: fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.
Eu te amei o suficiente para te deixar assumir a responsabilidade das tuas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo eu te amei o suficiente para te dizer não quando eu sabia que me irias odiar por isso. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente, venci, porque no final vocês venceram também.
E qualquer dia, quando os teus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais, tu vais lhes dizer quando eles te perguntarem se a tua mãe era má... "que sim, era má, era a mãe mais má do mundo".
As outras crianças comiam doces pela manhã,mas nós tinhamos de comer cereais, ovos e torradas.
As outras crianças ao almoço bebiam Pepsi e comiam batatas fritas, mas nós tínhamos de comer carne, legumes e frutas.
E, não vais acreditar, a nossa mãe obrigava-nos a jantar à mesa, bem diferente das outras mães também.
A nossa mãe insistia em saber onde nós estávamos a todas as horas. Era quase uma prisão.
Ela tinha de saber quem eram os nossos amigos, e o que nós fazíamos com eles.
Ela insistia que lhe disséssemos que íamos sair por uma hora, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violou as leis de trabalho infantil. Nós tínhamos de lavar a louça, fazer nossas camas, lavar nossa roupa, aprender a cozinhar, aspirar o chão, esvaziar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis.
Eu acho que ela nem dormia à noite a pensar em coisas para nos mandar fazer.
Ela insistia sempre conosco para lhe dizermos a verdade, e apenas a verdade. Na altura em que éramos adolescentes, ela conseguia ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata.
A mãe não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para nós descermos.Tinham de subir, bater à porta para ela os conhecer.
Enquanto toda a gente podia sair à noite com 12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16.
Por causa da nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência. Nenhum de nós, nenhuma vez esteve envolvido em roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos ou advertidos por crime nenhum. Foi tudo por causa dela.
Agora que já saímos de casa, nós somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor, para sermos "maus pais", tal como a nossa mãe foi.
Eu acho que este é um das males do mundo de hoje:
Não há suficientes Mães Más.
(Por Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)
Pelo Direito de Fechar a Porta
Ruidosamente me olham de lado e reprovam minha opção escolhida de permanecer em silêncio. É como se tivesse algo de errado em se recolher por um momento ou por um tempo maior. É como se não percebessem que toda essa exposição ao cotidiano me faz mal de alguma forma e eu preciso – há quem precise – me envolver um pouco mais comigo mesmo pra não me perder.
Eu preciso daquele momento a sós comigo mesmo pra ser franco, pra botar na mesa uns pontos em que andei pensando e que martelam na minha cabeça. Preciso dormir além da conta ou escrever num quarto mais escuro pra me aproveitar um pouco mais e dar voz aos ruídos que passam apagados porque a gente prioriza outras coisas do cotidiado. Imagina se toda dúvida ou reflexão que atinge o fundo da nossa cabeça fosse silenciado? Não dar voz ao que o meu eu interior pergunta é forjar uma vida superficial.
O problema é que não percebem, eles, que calma e solidão são conceitos diferentes. Que eu dependo de uma tarde sem fala pra promover alguma catarse dentro de mim e não enlouquecer. Se a maioria de nós vivesse segurando os turbilhões, sendo fortes, secando lágrimas e suor, escondendo a vulnerabilidade até da gente mesmo, se a gente resumisse a vida numa eterna questão de sobrevivência, a gente desabaria. É preciso desabafar em doses homeopáticas de silêncio pra aguentar o tranco.
Fechar a porta é o mesmo que conversar com o meu eu de 13 anos de idade. Sem necessidade de etiqueta ou roupas bonitas e vamos direto ao ponto. Com toda a franqueza de quem não precisa se defender o tempo todo e só precisa falar das coisas que realmente importam. Às vezes não tem motivo algum e nós dois (eu e o meu eu de 13 anos) só queremos respirar a sós. Olhar um pro outro pra vermos as mudanças no rosto, no sorriso e nas coisas todas que vieram com o tempo. Pra reparar nas cascas de ferida, nas cicatrizes, nos arranhões recentes e concluir que dói, mas uma boa noite de sono e silêncio ajuda. Pra entender e defender que um “me deixa sozinho” é a melhor solução pra quando a gente não tá bem. Estar sozinho não é estar perdido no mundo, e arrisco eu que talvez seja a melhor forma de se encontrar quando a gente esquece de quem nós somos.
Ao contrário do que você pensa, eu não tô me enterrando quando faço isso. Eu tô lutando, resistindo e me fazendo encontrar os motivos necessários pra não desabar de vez. E eu tento explicar a eles, a vocês, a quem me quer bem de algum jeito que não tem nada de errado em fechar a porta. Que não tem nada de errado em se sentir triste ou em não querer companhia. Não tem nada de errado em desprezar aqueles clichês animadores de que “tudo vai ficar bem” e “você precisa sair dessa” porque eu não quero. Eu quero ficar nessa e reconhecer que as coisas não vão ficar bem, pelo menos agora não. Me deixa descansar no meu travesseiro com a cabeça pesada, o coração embrulhado e um rio de lágrimas descendo por conta do sufoco. Me deixa botar tudo pra fora em silêncio ou berrando tanto que as cordas vocais doeriam. Me deixa fechar minha porta e fazer tudo isso sozinho. Pelo menos por hoje.
Fonte: http://entretodasascoisas.com.br/2013/11/10/pelo-direito-de-fechar-a-porta/
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